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Avaliação: Tirei 100 ou tirei A?



Resolvi criar esse post porque muitas pessoas me perguntaram como funciona a avaliação aqui na BYU. Vou abordar dois aspectos diferentes que acho importante: primeiro como a funcionam as notas e segundo quais são as atividades e como os alunos são avaliados.

Como Funcionam as Notas na BYU

No Brasil estamos acostumados a ter uma distribuição de 100 pontos no semestre e, dependendo da instituição, precisamos tirar no mínimo 60 ou 70 para ser aprovados. Se você atingiu o mínimo você passou, se não você tenta fazer uma recuperação e se você passar, ótimo!

Na BYU as coisas são um pouco diferentes. Primeiro, não existe recuperação. Se você não passou na matéria, tem que fazer de novo. Segundo, as notas não somam 100 pontos no fim do semestre. A avaliação final aqui é em letras, ou seja, você pode tirar A, A-, B+, B, B-, C+, C, C-, D+, D, D- ou F. Cada professor decide quantos pontos vai distribuir e a letra (nota final) é baseada na porcentagem que você atingiu.

Por exemplo, pode ser que em uma matéria o professor dê uma prova de 150 pontos, um trabalho de 50 pontos, exercícios de 10 pontos, etc...e aí no final do semestre ele distribui 500 pontos. Bem, se você tirou 400, então você está com 80% dos pontos e isso vai gerar uma letra (sua nota final).
Além disso, aqui nos EUA eles prezam muito essa questão de nota. No Brasil pelo menos eu nunca coloquei minha média escolar no currículo e nunca me perguntaram isso em uma entrevista de emprego, mas aqui é bem comum isso. Eles tem o que é chamado de GPA (Grade Point Average) que é basicamente a sua média escolar representada em uma escala que vai de 0 a 4. Se seu GPA é 3.7 por exemplo, significa que você tirou total em várias matérias ou ficou bem perto do total nelas. Algumas empresas nem analisam seu currículo se seu GPA é abaixo de 3.0, e esse é inclusive o limite para ser aceito na BYU.

Esse link tem alguns detalhes adicionais, caso tenha interesse.

Como os Alunos são Avaliados?

O outro lado da história é: como essas regras acima se aplicam aos alunos? Bom, o que eu acho mais diferente do Brasil em relação à isso é que a sua nota não depende apenas de você, mas sim de toda a turma. Funciona mais ou menos assim:

Suponha que uma prova vale 10 e você tirou 8. No Brasil isso seria motivo de orgulho, comemoração, certo? Bem, agora vamos supor que todo o resto da turma tirou 9. Isso significa que a sua nota foi a pior da turma e, portanto, você ficou abaixo da média. É como se você tivesse então tirado 5 no Brasil. Não vou entrar na discussão aqui se essa abordagem é melhor ou pior, mas um ponto interessante que isso gera é o relacionamento entre alunos. A princípio, pensei que os alunos seriam mais competitivos e que o clima seria ruim (já que se a nota de outro é pior que a sua, melhor pra você), mas na verdade a turma é bem colaborativa e a grande maioria bem disposto a ajudar. Claro que você não vê nunca coisas que são comuns no Brasil, tipo: copiar resposta de para casa no início da aula, colocar nome no trabalho de quem não ajudou, passar cola nas provas, etc. Mas fora isso, os alunos compartilham informações e ajudam uns aos outros.

O último ponto que quero abordar é em relação ao conteúdo das matérias. Aqui tem muita coisa pra fazer extra classe! A idéia é que para cada 1 hora de aula em sala, os professores precisam passar 2 a 3 horas de trabalho extra classe. Isso significa que todo dia (e não estou exagerando) tem algo pra entregar. As vezes é ler o capítulo de um livro, pesquisar um assunto na internet, responder um questionário, apresentar um trabalho em grupo, etc. E porque existe muito "para casa", algumas coisas valem muito pouco (tipo 1% da sua nota final), mas é importante entender que cada ponto faz diferença. Devido à esse modelo de avaliação interdependente, deixar de fazer uma leitura que valia "só 2 pontos" pode fazer diferença no final do semestre.

Em resumo, ainda tem muita coisa que também não entendo no modelo de ensino americano, hehehe...mas espero que esse post tenha te ajudado a entender um pouco mais essas diferenças. Até mais!

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